Foto: Max Haack
A entrada da ex-ministra Marina Silva na campanha eleitoral e os votos que ela pode tirar do PT no Nordeste foram os principais assuntos da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro que tiveram no domingo (17) no Recife, logo depois da missa de corpo presente do ex-governador Eduardo Campos. Há uma preocupação no governo de que a comoção observada com as circunstâncias trágicas da morte de Campos possa reverter em votos para a ex-ministra no Nordeste, especialmente em Pernambuco. O principal temor se deve ao fato de que se considerava que a petista já estivesse consolidada na região. A possibilidade de segundo turno também preocupa. O PT trabalhava com esse quadro, mas torcia para que ele não se concretizasse. Com Marina na disputa e a comoção em torno de Campos, os petistas acreditam que muitos eleitores que estavam indecisos ou desiludidos com a política poderão aderir à ex-ministra do Meio Ambiente. Muitos acreditam que Marina conseguirá arrebatar os descontentes de junho do ano passado e descrentes da política, que poderão apostar nela, como válvula de escape. Num segundo turno, os candidatos têm o mesmo tempo de propaganda na TV. No primeiro, Dilma tem ampla vantagem. A petista dispõe de 11 minutos, Aécio, pouco mais de 4 minutos e meio e Marina, cerca de 2.
Dilma e Lula presentes no enterro de Eduardo Campos| Foto: Agência Reuters
Os petistas preferem enfrentar o tucano Aécio Neves na segunda etapa da disputa. Acreditam que o tradicional discurso polarizado antielite funciona. Apesar de haver consenso de que o segundo turno se tornou uma realidade, ainda há dúvidas se a comoção se manterá até 5 outubro, dia da eleição. Ou seja, espera-se um crescimento inicial da ex-ministra. Resta saber se ele se manterá até o momento de o eleitor ir à urna. A presidente deverá nortear sua conduta hoje na entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, já com base no fator Marina e nas primeiras projeções de intenção de voto divulgadas após a morte de Campos. Apesar do quadro que possa ser ainda desenhado, interlocutores de Dilma estão convencidos de que ela chegou ao seu piso de votos e que não cairá abaixo de 36%, mesmo que o fenômeno Marina possa voltar. A mudança na candidatura do PSB preocupa também o comando de campanha dos tucanos. O grupo de Aécio diz, porém, que o PT perderá mais. O raciocínio é que Campos, como Aécio, apresentava um programa econômico mais liberal. Agora, com a saída dele, é provável que os tucanos fiquem sozinhos nesse campo, pois Marina tende a seguir um perfil com maior presença do Estado na economia. Como Aécio é o preferido do agronegócio e Marina, considerada hostil pelo setor, os tucanos acreditam que terão apoio no setor rural. Na opinião deles, Dilma também não conseguiu agradar ao agronegócio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário