quarta-feira, 7 de novembro de 2012

EXCLUSIVO: Eleição de ACM Neto trouxe senso de urgência a uma guinada no governo Wagner



Mais do que a reconfiguração partidária verificada no Estado em decorrência das últimas eleições municipais, que robusteceu algumas legendas e enfraqueceu outras, o que de fato levou a discussões sobre uma provável reforma no secretariado do governador Jaques Wagner (PT) a certo senso de urgência foi a vitória do democrata ACM Neto à Prefeitura de Salvador.
Com o resultado do pleito na capital baiana, imediatamente o PT e partidos aliados passaram a cobrar de Wagner providências no sentido de melhorar o caráter de sua administração, sob o argumento de que ou ele faz uma inflexão no sentido da correção de rumos agora que sejam interpretados positivamente pela população ou corre o risco de ver o grupo governista ser derrotado pelas oposições já em 2014.
Em contrapartida, passaram a exigir mais espaço no governo e a oferecer seus quadros como opção para executar as mudanças.
Para os defensores da tese de que há um clima de mudança contra o governo e que ela vem a galope, a eleição de ACM Neto está sendo comparada à vitória do prefeito João Henrique (PP), em 2004, apontada como o primeiro buraco aberto no casco do carlismo que lançaria as bases para a conquista do Palácio de Ondina pelo próprio Wagner dois anos depois sobre aquele grupo, então hegemônico.
“Só não vê quem não quer a conformação de um novo ciclo muito parecido àquele iniciado com a eleição de João Henrique. Mais rapidamente do que fez com o carlismo, a população quebrou a espinha dorsal de um projeto hegemônico do PT na Bahia com a eleição de ACM Neto em Salvador”, declara um conhecido petista que diz ter assistido estupefato ao desenrolar da campanha na capital.
Muito discretamente, ele se inscreve entre os membros de um diminuto grupo governista para o qual o PT, por meio da gestão de Wagner, conseguiu em seis anos no governo estadual adquirir o mesmo poder que o então grupo liderado pelo falecido senador ACM demorou 30 anos para consolidar, com suas implicações negativas sobre esferas da institucionalidade como o Judiciário, o Legislativo e, lamentavelmente, a imprensa.
“E isso num período em que existe a internet, em tese um elemento a fortalecer a democracia e o jornalismo”, acrescenta a mesma fonte, observando que o único aspecto a diferenciar a dimensão da força assumida pelo PT de Wagner na Bahia em relação àquela exercida pelo carlismo que ele derrotou é a figura do próprio governador, cujos métodos estão longe de revelarem um autocrata.
Seriam traços que, para a mesma fonte, foram percebidos claramente pela população e demonstrados nesta eleição. Neste momento, acrescenta, Wagner tem como opção dar uma guinada na administração por meio da escolha de auxiliares mais competentes, faltando dois anos para encerrar seu mandato, de forma a manter a influência sobre a própria sucessão e despedir-se do governo com bons níveis de avaliação.

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