quarta-feira, 3 de abril de 2013

Troca nos Transportes vira desagravo a ex-ministro afastado após suspeitas


Dilma Rousseff em cerimônia de posse do novo ministro dos Transportes, César Borges; ele assume o cargo no lugar de Paulo Sérgio Passos
Dilma em cerimônia de posse do novo ministro dos Transportes, César Borges; ele assume o cargo no lugar de Paulo Sérgio Passos

A troca de comando no Ministério dos Transportes transformou-se em um ato de desagravo ao ex-ministro da pasta Alfredo Nascimento, cuja demissão, em 2011, virou um dos principais símbolos da "faxina" promovida pela presidente Dilma Rousseff após uma série de denuncias de corrupção.
Na época, além de Nascimento, mais de 20 servidores foram exonerados. Parte deles posteriormente passou a trabalhar novamente com Alfredo Nascimento, que voltou ao Senado pelo PR-AM.
O novo ministro, César Borges, também do PR, afirmou que hoje se "corrige uma grande injustiça que foi cometida a vossa excelência, onde acusações foram feitas, e até podem continuar a ser feitas, e nada sendo provado".
Antes, creditou um suposto avanço na qualidade dos transportes no país ao ex-ministro, hoje presidente de seu partido, o PR.
"Quero agradecer o que o senhor fez pelo país como ministro dos Transportes. Essa nova face dos transportes no Brasil foi cunhada por você, quando esteve aqui nesta casa", afirmou Borges.
Os elogios a Nascimento, sempre seguidos de aplausos por parte da plateia de cerca de 200 pessoas em um auditório do Ministério dos Transportes, também vieram do ministro que deixa o cargo, Paulo Sérgio Passos.



Segundo Passos, os resultados alcançados pela pasta são uma "soma dos esforços de todos que aqui passaram".
"Essa mudança não se deu de forma instantânea. Alfredo Nascimento teve, em relação a isso, uma responsabilidade marcante", disse. "Posso dar um bom testemunho, com autoridade, desde esforço, desse emprego. Aquelas que se dedicam a causa dos transportes, nós viramos esse jogo."
Como exemplo de sucesso, Paulo Passos citou a duplicação da BR-101 no Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, obras nas quais foram constatados casos de corrupção, com desvios milionários de verbas públicas, segundo a Polícia Federal.
POSSE
Mais cedo, após ser empossado pela presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, Borges comentou a vinculação do PR com a candidatura à reeleição da presidente. Segundo o novo ministro, o PR nunca deixou a base de Dilma Rousseff e afirmou que "a direção nacional [do PR] tem um caminho claro de estar com a presidente Dilma".
O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR)
O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR)
Borges não era a principal escolha do partido para o Ministério dos Transportes, mas é uma escolha da presidente Dilma. Ele descartou que sua nomeação tenha servido como moeda de troca político-eleitoral.
"Minha indicação vem num momento em que o partido pudesse novamente estar dentro do governo", afirmou.
O novo ministro também defendeu o senador Alfredo Nascimento (AM), presidente nacional de seu partido e ex-chefe da pasta que agora assume. Nascimento foi demitido após uma avalanche de denúncias de corrupção no ministério, em 2011.
"Se você me apontar uma coisa que se Provou contra Alfredo Nascimento. Tem algum processo? Algo que vá contra a
gestão?". Para Borges, o colega de partido foi levado "pelo turbilhão".

PASSADO CARLISTA
Ex-governador da Bahia e ex-senador, Borges deixa o cargo de vice-presidente do Banco do Brasil para assumir o governo. Ele se define como carlista, amigo do já falecido Antônio Carlos Magalhães.
"Sempre disse, enquanto o senhor estiver vivo, estarei ao seu lado. E estive", disse. De fato, Borges trocou o PFL pelo PR em outubro de 2007, poucos meses depois da morte de ACM.
Sobre sua relação com o neto de ACM, atual prefeito de Salvador, Borges diz: "O ACM Neto não é Antonio Carlos". E lembra que já esteve ao lado do petista Jaques Wagner em 2010 e a dobradinha deve se repetir no próximo ano.

TREM BALA
Borges assume com a missão de dar mais velocidade aos procedimentos no Ministério dos Transportes, que tem um orçamento total de R$ 10 bilhões. "A presidente Dilma tem ânsia por mais infraestrutura logística. O que ela quer é trabalho e mais trabalho".
Sobre o trem bala, Borges disse que é adepto a novas tecnologias. "Não podemos ter nenhuma restrição. É uma questão de economicidade. Devemos analisar, verificar se tem viabilidade técnica e econômica. Se tem, vamos executar".

Nenhum comentário:

Postar um comentário